Testosterona e Diabetes

Dra. Ana Paula Costa aborda informações publicadas recentemente em estudos que apontam uma relação direta entre a queda na produção de testosterona e o desenvolvimento do diabetes tipo 2.

Um tema altamente relevante que merece toda a atenção do universo masculino.

Afinal. Do que se trata a testosterona?

A testosterona é um hormônio sexual, metabólico e vascular com atuação direta em vários órgãos e estruturas do corpo. É produzida pela célula Leydid, localizada nos testículos, onde existe um estímulo do LH (hormônio secretado pelo sistema nervoso central).

Qual a relação da testosterona com o diabetes mellitus tipo 2?

Trabalhos recentes apontam que existe uma forte relação entre a queda da produção de testosterona e a resistência à insulina. Quando não tratado, o distúrbio pode evoluir para o desenvolvimento da diabetes tipo 2.

Vale ressaltar que entre 20 e 40% dos pacientes com diabetes mellitus 2 vão desenvolver em algum momento hipogonadismo. Este é um distúrbio que acomete os testículos (nos homens) e os ovários (nas mulheres), impossibilitando a produção das quantidades adequadas de hormônios sexuais, como a testosterona nos homens e o estrogênio nas mulheres.

Mas qual o impacto do déficit de testosterona no organismo?

A queda de testosterona é fator de risco para que o paciente desenvolva distúrbios como:

  • Síndrome metabólica
  • Resistencia à insulina
  • Dislipidemia
  • Hipertensão arterial sistêmica.

Mas por que isso acontece?

Trabalhos científicos demonstram que a queda da testosterona estaria relacionada a algum tipo de alteração dos receptores de insulina no organismo e, por isso, diminuiria a sensibilidade e sua ação adequada no organismo.

Quais as principais relações entre a testosterona e o diabetes mellitus 2?

A. Homens com hipogonadismo teriam maior tendência em desenvolver diabetes mellitus 2 em 11 anos.

B. Níveis baixos de testosterona levariam ao aumento do tecido adiposo e da circunferência abdominal. Com isso, existe uma maior probabilidade de se desenvolver resistência à insulina, assim como o diabetes. 

O inverso também é prejudicial. A hiperinsulinemia (produção excessiva de insulina pelo organismo) também leva à perda da função das células leydig e acomete a função testicular e a produção da testosterona. Com isso, existe o aumento do tecido adiposo que compromete os níveis adequados de estradiol e prejudica a produção da testosterona.

Qual a relação do déficit de testosterona e desequilíbrio da glicemia quando o assunto é diabetes?

Pacientes com os níveis baixos de testosterona têm prejuízo no controle da Glicemia, assim como pacientes com descontrole na glicemia apresentam queda na produção da testosterona. Um verdadeiro ciclo vicioso que precisa ser corrigido.

Quais os benefícios da reposição da testosterona em pacientes com diabetes mellitus tipo 2?

Pacientes com hipogonadismo – teriam uma redução da gordura visceral, que promoveria o equilíbrio na resposta do organismo à insulina e, assim, diminuiria a glicose circulante. Além disso, teriam uma menor secreção do adipohormônios tais como leptina e resistina diminuindo o risco de doenças cardiovasculares.

A partir de quanto tempo o paciente com diabetes se beneficiará com a reposição hormonal de testosterona?

Estudos comprovam que o controle glicêmico é percebido após 52 semanas do início do tratamento. No entanto, um dos estudos mais importantes realizados sobre o diabetes apontou que a queda de 1% da hemoglobina glicada dosada após o início da reposição, reduziu em 14% o risco de o paciente sofrer um infarto agudo do miocárdio e de 12% no risco sofrer um AVC.

Somente pacientes com diabetes se beneficiam do tratamento?

Não. Pacientes com pré-diabetes podem se beneficiar devido à reposição de testosterona retardar a evolução do quadro.

Quais os cuidados que o paciente deve ter ao longo da terapia de reposição de testosterona?

No 3º, 6º e 12º meses do primeiro ano de tratamento, o paciente deve se submeter a exames para dosagem de: hemograma, PSA total e livre e Testosterona total.

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