A importância do tratamento da obesidade infantil
Em busca de equilíbrio para sua saúde.
Dra. Ana Paula Costa comenta estudo recente publicado no JAMA Pediatrics, que traz evidências importantes sobre o impacto do tratamento da obesidade infantil na vida adulta – um tema de extrema relevância na atualidade
Qual a sua avaliação nos achados desse estudo sobre A importância do Tratamento da Obesidade Infantil?
Dra. Ana Paula Costa: Esse estudo reforça o que já observamos na prática clínica: tratar a obesidade na infância e na adolescência pode mudar completamente a trajetória de saúde desses pacientes. Os dados mostram que crianças que alcançam a remissão da obesidade, ainda jovens têm um risco muito menor de desenvolver doenças como diabetes tipo 2, hipertensão, dislipidemia e até mesmo a necessidade de cirurgia bariátrica no futuro. Além disso, a redução da mortalidade observada nesse grupo é um dado extremamente relevante.
Os números são impressionantes. A obesidade infantil tem se tornado um problema global?
Dra. Ana Paula Costa: Sim, e os dados são alarmantes. Segundo o CDC, 1 em cada 5 crianças e adolescentes nos Estados Unidos têm obesidade, e a projeção global para 2035 é de que 18% das meninas e 20% dos meninos entre 5 e 19 anos serão nessa condição. A obesidade infantil não é apenas um fator de risco para doenças metabólicas, mas também está associada a problemas psicológicos, como ansiedade, depressão e estigma social, que podem impactar toda a vida do indivíduo.
O estudo trouxe evidências de que quanto melhor a resposta ao tratamento, menores são os riscos futuros. Como funciona esse acompanhamento?
Dra. Ana Paula Costa: O estudo sueco acompanhou crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos ao longo dos anos, analisando os impactos do tratamento da obesidade até a fase adulta jovem, entre os 18 e 30 anos. Os participantes foram divididos em grupos conforme a resposta ao tratamento: ruim, interativo, boa e remissão da obesidade. Os resultados mostraram que aqueles que tiveram remissão ou uma boa resposta apresentaram uma redução significativa no risco de doenças como diabetes tipo 2, hipertensão e dislipidemia, além de menor necessidade de cirurgia bariátrica e menor taxa de mortalidade.
O impacto positivo do tratamento precoce, então, é inegável. Como os pais podem ajudar nesse processo?
Dra. Ana Paula Costa: O primeiro passo é entender que a obesidade não é apenas uma questão estética, mas uma condição de saúde séria. Mudanças no estilo de vida são fundamentais: alimentação equilibrada, atividade física regular e acompanhamento médico são essenciais. Além disso, o suporte emocional da família faz toda a diferença. e adolescentes que se sentem apoiados por crianças têm mais chances de aderir ao tratamento e alcançar resultados positivos.
O estudo também apontou redução na mortalidade para os pacientes que responderam bem ao tratamento. Como a senhora interpreta essa informação?
Dra. Ana Paula Costa: Esse é um dado muito importante porque confirmar que o tratamento da obesidade pediátrica não é apenas sobre evitar doenças, mas salvar literalmente vidas. No grupo que teve boa resposta ao tratamento ou remissão da obesidade, o risco de mortalidade foi significativamente menor em comparação ao grupo que teve uma resposta ruim. Isso reforça a necessidade de ações preventivas e tratamento precoce para evitar complicações futuras.
Com base nesses achados, qual a mensagem principal que a senhora gostaria de deixar para pais e responsáveis?
Dra. Ana Paula Costa: A obesidade infantil deve ser tratada o quanto antes, pois as consequências podem ser graves. A boa notícia é que mudanças no estilo de vida e um acompanhamento adequado podem fazer toda a diferença. O estudo comprova que tratar a obesidade ainda na infância reduz significativamente os riscos de doenças na vida adulta. Ou seja, investir na saúde das crianças agora é garantir um futuro mais saudável para elas.
Dra. Ana Paula Arruda Camargo Costa
Dra. Ana Paula graduou-se em Medicina pela Universidade de São Paulo em Junho de 1993. Fez o período de residência médica em Clínica Geral no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo nos anos de 94 a 95. Dedicou-se também a um período residência médica especializando-se em Endocrinologia e Metabologia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo de 95 a 97.
É Pós-Graduada na Disciplina de Endocrinologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo onde também obteve seu título de Doutorado em 2003.