Tratamento da obesidade na adolescência
Em busca de equilíbrio para sua saúde.
Entrevista com Dra. Ana Paula Costa, Endocrinologista: “Obesidade na adolescência é um desafio urgente de saúde pública
Por que a obesidade na adolescência se tornou uma preocupação tão urgente nos dias de hoje?
Dra. Ana Paula Costa: Porque estamos vendo uma tendência crescente e alarmante. A obesidade entre adolescentes aumentou muito nos últimos anos. Segundo o Atlas Mundial da Obesidade 2024, se nada for feito, o Brasil pode ter até 50% das crianças e adolescentes com IMC elevado até 2035 — isso representa mais de 20 milhões de jovens. É um cenário que exige atenção e ação imediata de toda a sociedade.
Quais são os principais impactos da obesidade na saúde dos jovens?
Dra. Ana Paula Costa: São muitos. A obesidade na adolescência está associada a doenças como diabetes tipo 2, hipertensão, colesterol alto, resistência à insulina e problemas articulares. Mas um ponto que não pode ser ignorado é o impacto psicológico. Diversos estudos mostram que adolescentes obesos têm maior risco de desenvolver ansiedade, depressão e baixa autoestima. Uma pesquisa publicada no Cadernos de Saúde Pública, por exemplo, mostrou que meninos com obesidade enfrentam mais dificuldades de relacionamento com colegas. Isso mostra o quanto essa condição também afeta o bem-estar emocional e social.
Então o tratamento deve ir além da alimentação e dos exercícios?
Dra. Ana Paula Costa: Exatamente. É fundamental tratar a obesidade de forma multidisciplinar. Isso inclui endocrinologistas para avaliar a parte hormonal e metabólica, hebiatras para acompanhar o desenvolvimento global do adolescente, e também psicólogos, quando necessário. A obesidade nessa fase da vida envolve muito mais do que o corpo — envolve identidade, autoestima e aceitação social.
O que pode ser feito para prevenir a obesidade nessa faixa etária?
Dra. Ana Paula Costa: Prevenção começa dentro de casa e nas escolas. Alimentação saudável, estímulo à prática de esportes e limites para o tempo de tela são medidas fundamentais. Mas também precisamos falar sobre acolhimento, escuta ativa e educação emocional. A adolescência é o momento ideal para formar hábitos que durarão a vida toda.
Como as famílias e escolas podem ajudar nesse processo?
Dra. Ana Paula Costa: Elas são parte essencial. A família pode criar um ambiente seguro e acolhedor, com alimentação saudável e apoio emocional. Já as escolas devem promover educação nutricional, atividades físicas regulares e ações que combatam o bullying, que muitas vezes afeta adolescentes com obesidade. A rede de apoio é determinante para o sucesso do tratamento.
Qual recado a senhora deixaria para quem está enfrentando essa situação?
Dra. Ana Paula Costa: Que não existe fórmula mágica, mas existe cuidado. A obesidade na adolescência é uma condição de saúde que precisa ser tratada com responsabilidade, empatia e acompanhamento profissional. Com o suporte certo, é possível melhorar a saúde física e emocional, fortalecer a autoestima e garantir um futuro mais leve — em todos os sentidos.
Dra. Ana Paula Arruda Camargo Costa
Dra. Ana Paula graduou-se em Medicina pela Universidade de São Paulo em Junho de 1993. Fez o período de residência médica em Clínica Geral no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo nos anos de 94 a 95. Dedicou-se também a um período residência médica especializando-se em Endocrinologia e Metabologia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo de 95 a 97.
É Pós-Graduada na Disciplina de Endocrinologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo onde também obteve seu título de Doutorado em 2003.